Nasci em Governador Valadares e fui criado em Nova Era, uma pequena cidade no interior de Minas Gerais.
Desde criança queria fazer a diferença nesta vida. Não me conformava com a situação que o país estava enfrentando.
Na escola, todos me tratavam como louco por não entenderem que eu estava a frente daquele tempo. Pela pressão da falta de compreensão,resolvi fugir de casa.
Fui trabalhar em um parque de diversões, onde conheci muita gente e lugares, além de aprender um oficio. Após 2 anos, tive que abandonar o parque por motivos financeiros.
Em seguida fui para o Rio de Janeiro a convite de um amigo que comprou um brinquedo para agregar a parques pequenos e pediu para eu ajudá-lo a consertar e restaurar brinquedos.
Estávamos lanchando em um shopping no final de semana quando comentei: “cara, vou para os EUA ganhar uma grana e montar um grande parque de diversões”.
Um “maluco” que estava atrás de nós escutou a conversa e falou que poderia me ajudar. Perguntei como, todo desconfiado, e ele me deu seu cartão e disse para procurá-lo. “Vou atrás deste cara”, falei ao meu amigo.
Na semana seguinte fui ao escritório do “maluco”. Fui direto ao assunto, contei que já havia tentado o visto americano duas vezes, mas sem sucesso. Ele me olhou e disse: “porque vc não vai para Europa, ficar um tempo lá, e depois vai para os EUA”.
Decidi seguir seu conselho. Liguei para meus pais e fiz o comunicado. Minha mãe ficou louca com a notícia, pois, naquela época, poucas pessoas saíam do Brasil. Quando minha ela viu que não tinha jeito, me abençoou e fez um pedido: “nunca esqueça dos seus princípios”. Criei forças e parti.
Durante 2 anos morei em Londres,passando muitas dificuldades. Naquela época era tudo muito diferente, tudo era muito difícil. Notícias do Brasil só quando o jornal da semana anterior chegava na banca. Muito sofrimento. Mas vivi uma experiência boa em Londres.
Voltei ao Brasil para tentar pela terceira vez meu visto americano. Agora com sucesso. Então regressei a Londres para arrumar minhas coisas e partir para os EUA.
Quando cheguei, achei que iria ganhar muito dinheiro para poder comprar o meu parque de diversões e dar uma melhor qualidade de vida para os meus pais, mas a história foi muito diferente.
Trabalhava de 14 a 16 horas por dia, ganhava muito pouco, mal dava para pagar as minhas despesas. Fiquei frustrado com tudo isso. Achava que a América era a minha oportunidade, mas comecei a ver que “o sonho americano” não era para qualquer um.
Cheguei a morar na rua por um tempo. Certa noite estava dormindo no estacionamento de uma igreja, enrolado em meu jornal e papelão, quando alguém fez xixi em mim. Acordei todo molhado e pensei no ponto em que havia chegado. Tinha tudo na casa dos meus pais e abandonei para passar esse tipo de situação.
Mas para mim, voltar naquela época era perder. Falei comigo mesmo: ” a partir de hoje eu vou mudar o rumo desta história”. Fui atrás de amigos e comecei a mudar a partir dali.
Passei a trabalhar por minha conta, juntei dinheiro e montei um atelier de móveis. Criei uma coleção de móveis funcionais que fez grande sucesso. Comecei a realizar as minhas vontades, sempre ajudando a quem estava a minha volta.
Foi muito sofrido, passei 10 anos sem ver meus pais, sem ir ao Brasil. Quando chegou a oportunidade de voltar ao meu país, começou a crise financeira na América e o dinheiro ficou difícil, mas nunca perdi as esperanças e o foco no meu objetivo de vida, de fazer as pessoas se sentirem melhores, me capacitar para passar a elas que tudo é possível desde que acreditamos em nós mesmos.
Hoje em dia, já estive várias vezes no Brasil, mas vejo meu sonho ser dificultado por causa da crise Americana.
Há 18 meses, estava triste e sem saber o que fazer, quando li uma reportagem sobre o Eike Batista falando que ele perdeu muito dinheiro. Esta reportagem me inspirou muito. Liguei para um amigo e comentei a ideia que havia tido: “vou vira ‘amigo do Eike Batista’ e pedir a ele 1 milhão de dólares”.
O Eike não me deu um milhão, mas mesmo assim a minha vida começou a tomar outro rumo, mesmo na dificuldade, eu estava passando alegria para várias pessoas. O “Amigo do Eike” cresceu, fez vários amigos e ações.
Com a ajuda dos amigos e de quem mais se mobilizar, essa história ainda pode ser muito maior e fazer a diferença na vida de muitos brasileiros.
Um grande abraço,
Artur Moreira